Minha casa virou uma galeria de artes. Eu, que sempre fiz muxoxos porque tínhamos poucos quadros, agora não tenho mais do que reclamar: praticamente não restou espaço em branco nas paredes. Um artista iniciante resolveu dar uma palhinha –de graça– e expor seus trabalhos na sala, na porta da cozinha, no corredor, no meu quarto.
Contemporânea, a arte dele questiona o formalismo –seu suporte é a parede diretamente, sem intermediários– e dialoga com os limites entre o privado e a rua, uma vez que usa elementos do grafite (literalmente) para dar vazão a um fluxo constante e nonsense de formas e pensamentos.
Ele é também um autêntico performer, que gosta de pintar e exibir suas técnicas e agilidade sob os olhos atentos e incrédulos dos expectadores e apreciadores da sua arte.
(Atenção para o detalhe do pezinho do artista)
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As perguntas que não querem calar: terei eu parido o próximo Jackson Pollock?
Ou terei parido o próximo Kandisnky?
Ou ainda: estarei eu exagerando na babação de ovo, empolgada com a novidade que é ver a cria fazendo suas primeiras garatujas e, ao mesmo tempo, assustadíssima com constatação de que vou ter que limpar essa bagunça toda (ou pintar a casa, mudar de casa, reformar tudo, fugir pras montanhas, sei lá)?
Façam suas apostas.
(*) Imagens das obras de Pollock e Kandinsky daqui e daqui, respectivamente.