Arquivo do mês: julho 2012

curtinhas recentes

Uma pausa na série dos dilemas (leia aqui e aqui, mas tem terceiro post no forno) para contar curtinhas recentes.

Ontem, estávamos Enzo e eu passeando. Eis que havia uma mulher, 40 e poucos, sozinha, sentada num banco, tomando sorvete. Ela estava de costas para nós, que passávamos atrás do banco. Enzo parou de andar, olhou a moça, foi até ela e começou a falar, em sua língua, claro:

-Bu, bô, buuuuu.  Ah, ãhn, ná, né.

Isso até a moça virar e sorrir para ele, que sorriu de volta, satisfeito. Primeira vez que vejo um bebê puxar conversa com alguém…

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No supermercado, escolhendo frutas, “estacionei” o carrinho do Enzo na minha frente e comecei as compras. De repente, notei umas quatro pessoas fazendo micagens em volta do bebê, rindo para ele, que gargalhava de volta.

Daí uma moça, vendo minha cara de “o que está acontecendo aqui?”,  me explicou:

-Seu filho sorri para todo mundo que olha para ele. Vai ser político!

Minha espinha gela, #medo!

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Viajamos com um amigo querido há quinze dias, ficamos fora o fim de semana. À noite, passeando pelo “centrinho” da cidade, Enzo viu crianças e decidiu ir até elas. Coloquei no chão, dei a mãe e achei que fosse conduzi-lo para onde estavam os outros pequenos. Ahahahah, mamãe! Dois passos depois, Enzo começou a chacoalhar a mão que estava presa à minha freneticamente, enquanto gesticulava com a outra.  E ainda argumentava:

-Báááááá, náááááá, abummmmm.

Traduzindo: ele quis soltar a mão da minha e ir SOZINHO até os futuros amiguinhos…

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Enzo falou a primeira palavra para qual realmente atribuiu sentido. E não foi nem “mamãe” nem “papai” nem “vovó” nem “vovô” nem “Jojóh” (a gata).

Ele disse -e diz com frequência- “bô”, que no dicionário dele quer dizer “acabou”, mas também pode ser sinônimo de “caiu”.

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dilema revisitado # 2: a escolinha

No domingo, contei aqui que estou enfrentando meio tardiamente uma versão do velho dilema “carreira x maternidade”, só que com uma roupagem nova, mais leve: trabalho em home office e, agora que Enzo é um minimenininho e não mais um bebê, tem ficado mais difícil conciliar as obrigações de mãe com as de jornalista, já que o pequeno (ainda bem) é super ativo, super inteligente e requer cada vez mais atenção por mais tempo. Daí que concluí que preciso de ajuda de algum tipo, seja uma babá ou seja uma escolinha.

Como Dri estava em férias até hoje, resolvemos visitar as escolinhas aqui perto de casa só para termos uma ideia do que há à nossa disposição. Até agora, fomos em uma só. Uma outra visitaremos na quinta e a terceira, na sexta.

Mas essa primeira experiência me deixou um tanto mais simpática às escolinhas que às babás. Gostei bastante do que vi e do que ouvi. Para começar, as salas têm poucas crianças e, já a partir de 1 ano e 2 meses, os bebês deixam o berçário e vão para o maternal. Qual a diferença? As atividades. No maternal, eles já são estimulados a ler, pesquisar, contar, já definem os temas com os quais querem “trabalhar” naquele semestre, plantam, colhem frutas, fazem aulas de culinária e música, teatro e pintura, escultura…Ou seja, deixam de ficar “estacionados” esperando os pais voltarem. Ao invés disso, têm uma vida estimulante de fato.

A escola se diz construtivista. Muitas dizem isso hoje em dia, mas botei alguma fé nessa, ao menos levando em conta o que a coordenadora nos mostrou/explicou. Como eu estava contando, são os próprios alunos que definem temas a serem abordados, que serão trabalhados transversalmente ao longo do semestre ou do ano, em várias, digamos, “disciplinas”. A duração do tema também depende do interesse do grupo.

Por exemplo: a sala do maternal, que abriga os pequenos com idade entre 1 ano e 2 meses e 2 anos, havia escolhido os peixes como tema para o primeiro semestre. Fizeram pesquisas em livros, procurando figuras do animal, assistiram ao “Procurando Nemo” para identificar os peixes, seus “amigos” e habitat, ouviram e fizeram contação de histórias tendo esses bichinhos como protagonistas, colaram, pintaram e “moldaram” peixinhos, fizeram gelatina azul (cor do fundo do mar) nas aulas de culinária, aprenderam a contar enquanto faziam as comidinhas e assim por diante.

Como aqui em casa é tudo fora da caixa, por favor, valorizo muito propostas pedagógicas um pouco mais progressistas, por assim dizer (embora eu ainda me espante que, tendo em vista as opções mais comuns, Piaget seja progressista…). Também gostei do ambiente: casa espaçosa, com quintal amplo, cheio de verde, onde está instalado o play da garotada. Tem tanque de areia ao ar livre e também espaço coberto com diversos brinquedos para os dias de chuva. Há árvores frutíferas (jaboticaba, jaca, mexerica), horta e, melhor de tudo: as crianças realmente consomem esses alimentos colhidos do pé por eles mesmos, sempre que as árvores “dão” alguma coisa.

Na biblioteca e nas salas de aulas, os livros estão à mão das crianças, que podem pegar quais quiserem, sempre que quiserem. Estão bem cuidados e separados por idade, para que sempre sejam adequados à faixa etária que ocupa a sala. Esqueci de perguntar se os pequenos são estimulados a levar livros de casa para compartilhar com os amigos. Mas já tomei nota e vou tirar essa dúvida. A sala de artes é grande e cheia de materiais que podem ser usados livremente, de acordo com a escolha de cada um. Só não tenho certeza ainda se há um horário definido para isso ou se eles podem ir à sala quando quiserem. Mais uma para checar.

Agora o que mais me deixou feliz mesmo com a escolinha foi o clima.Pode parecer bobagem, mas levo muito em conta como eu me sinto no lugar para avaliá-lo. E nós três (Dri, Enzo e eu) tivemos o mesmo comportamento relaxado na escola, como se estivéssemos em casa. Notamos carinho e cuidado das professoras e berçaristas com os bebês, vimos um monte de crianças aparentemente bem satisfeitas, sentimos uma certa harmonia no ar e, mais importante, percebemos que Enzo esteve muito à vontade o tempo inteiro.

Entrou em várias salas sozinho, mexeu nas coisas, caminhou tranquilamente pela escolinha, escolhendo seu percurso entre o que chamava mais sua atenção, arranjou uma amiguinha no berçário, elegeu um brinquedo por lá, fez amizade com a berçarista, esqueceu de nós dois e ficou por cerca de meia hora só brincando com as novas companheiras, até que tivemos de tirá-lo de lá (era hora de ir embora, afinal).

E aí foi um chororô sem tamanho, com muito ranger de dentes, gritinhos revoltados e lágrimas, um monte de lágrimas. Para mim, foi um ótimo sinal em relação à escola e- mais ainda- uma surpresa e um sinal de que Enzo talvez esteja precisando de atividades mais estimulantes do que ele tem tido aqui em casa (próximo post).

Não estou nada decidida

Parece discurso de uma mãe convencida a deixar seu bebê na escola, né? Mas não é, não. Pelo contrário. Há os contras e eles pesam muito:

1) Quando penso em deixar Enzo 4 ou 6 horas numa escolinha, por mais bacana que seja, não sinto alívio, sinto apreensão. Acho que ele não está pronto, porque penso que um bebê desse tamanho ainda precisa muito de mãe por perto, de coisas familiares, de segurança e proteção que só se encontra no lar.

2) Não gosto nada da ideia de Enzo ter um compromisso, uma obrigação tão pequeno. Se ele pudesse ir à escola quando quisesse, pelo tempo que quisesse seria ótimo. Mas não é assim que funciona.

3) Por mais liberal e bacaninha que seja a escola, há horários, regras, um certo enquadramento desnecessário, especialmente nessa fase. Os horários de almoço e lanche, por exemplo, são bem rígidos, pois é preciso dividir o refeitório de forma a não colocar os muito pequenos para almoçar com os grandões (o colégio tem alunos de até 10 anos). Pior: deve haver horário para aulas de artes, música, literatura, educação física (a confirmar, mas é quase certo). Não gosto disso. Na minha escola ideal, cada um faria atividades lúdicas e artísticas quando quisesse, poderia escolher livremente entre ir tocar um violãozinho ou botar a mão na argila. Não dá para esperar que a criatividade das crianças, ainda mais pequenininhas, aceite o cabresto dos horários mais convenientes para a equipe. Em casa, Enzo é livre como tem de ser e passa o dia inventando novos desafios, exercitando a curiosidade, a criatividade, o raciocínio. Bola brincadeirinhas, nos envolve, cansa delas, troca por outras, vai ali na cozinha pedir uma fruta ou leite, volta a brincar, pega um livro, devolve o livro, enfim, exercita suas múltiplas capacidades sem amarras. Limites podem ser importantes, mas quando têm um objetivo educacional, o que não é o caso dos limites impostos nos colégios (não sou nada fã de “disciplina” por disciplina).

4) Os pediatras que respeito indicam colocar os pequenos nas escolas depois de completarem 2 ou 3 anos. E não apenas por causa das viroses e doencinhas, mas por conta da necessidade de afeto e atenção exclusiva que demanda antes dessa faixa etária.

5) Acho que em casa, sob meu olhar e meu carinho, Enzo estará melhor, ainda que privado de um certo desenvolvimento e de uma sociabilização que a escola promoveria.

Digamos que essa visita à escola (e as próximas, sobre as quais conto depois) me deixaram mais tranquila em relação às possibilidades de desenvolvimento do  Enzo, em relação às opções pedagógicas que teremos, à maturidade e independência do meu minimenininho (que parece pronto para ser um tanto mais livre e para novas amizades), em relação a como ele vai lidar com o futuro colégio. Também me mostraram diversos pontos a refletir em relação à maternidade que estou exercendo. Há muito o que melhorar e vou voltar nesse assunto no próximo post.

Mas ainda não acho que seja hora do pequeno ir pra escola. Por outro lado, também não sei se quero uma babá. Por ora, vou tateando as opções (entrei em contato com agências para assuntar a contratação de uma babá) e agradecendo mega o socorro das mães. Agradeço também quem deu dicas preciosas no facebook (alô, Tamine, Silvia, Claudia!) e o comentário muito inspirador da Ingrid no post anterior.

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porquinho criativo

Descobri o Vitório, o porquinho simpático protagonista do livro “O Sonho de Vitório”, buscando opções de artes para fazer com Enzo. Entrei quase por acaso no site de uma livraria e lá estava uma atividade de lançamento do livro. Não pudemos ir, mas achei a proposta tão bacana que fui atrás de mais informações na editora, baixei o “press kit” (textos e imagens que a editora disponibiliza aos jornalistas) e, no dia seguinte, corri para o livreiro mais próximo em busca do Vitório. Foi amor à primeira vista. Não resisti e trouxe o porquinho criativo comigo, para o Enzo.

Daí que hoje estou lá no Minha Mãe que Disse entrevistando ninguém menos que a ilustradora Veridiana Scarpelli, a criadora do Vitório. Vale a pena dar uma olhada. Vá por aqui.

A entrevista é a segunda da série de bate-papos com escritores infantojuvenis, que começou com o Pedro Bandeira.

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dilema revisitado # 1: o dilema

Sabe o dilema por excelência de quem é mãe, a dúvida “carreira x maternidade”? Pois é, não passei por ele. Quando engravidei, já estava trabalhando em casa, frilando em home office, e decidi que manteria esse arranjo depois que Enzo nascesse. O objetivo, óbvio, era ficar perto do meu filho, suprir suas necessidades (de afeto e colim-di-mamãe inclusive), acompanhar seu desenvolvimento e evitar que ele fosse, bebezico, parar numa dessas escolinhas tipo “estacionamento” de bebê, sabe como?

Outra razão pela qual passei ao largo dessa dúvida é que nunca tive propriamente uma dúvida, uma opção. Não considero como hipótese viável parar de trabalhar. Primeiro porque não quero. Amo o que faço, ser jornalista é parte do que me define como pessoa, escolhi essa carreira aos 13 anos e, antes disso, aos 6, por mais precoce que pareça e guardadas as devidas proporções,  já sabia que trabalharia escrevendo. Ganhei uma máquina de escrever dos meus pais com 7 anos e, dias depois, já tinha escrito um “livro” e tentado vendê-lo ao jornaleiro da esquina.

Acho importante dar atenção integral ao Enzo, sei que ele precisa disso e que, especialmente nos dois primeiros anos de vida, o contato com os pais, a proximidade, a disponibilidade irrestrita e o afeto são essenciais para o desenvolvimento emocional sadio dos pequenos. Mas também sei que eu preciso estar emocionalmente saudável para criar um filho emocionalmente saudável. E é claro para mim que eu jamais conseguiria isso abdicando de algo que é essencial.

Segundo motivo pelo qual não é viável deixar de trabalhar: a grana, óbvio. 1) O equilíbrio do nosso orçamento doméstico depende do que eu recebo frilando; 2) Não acho justo com o Dri que pese apenas sobre as costas dele o ônus de botar dinheiro em casa. É pressão demais, responsa demais. Aqui em casa, somamos forças, não dividimos; 3) Não gosto da ideia de depender financeiramente de ninguém, nem por algum tempo nem como opção para a vida toda. Já vivenciei histórias demais de mulheres que, por uma ou outra razão, acabaram abdicando do seu meio de sobrevivência e depois, anos mais tarde, ficaram literalmente sem nada, dependendo de “favores” de ex-maridos, filhos e quetais. Sei que há legislação, que essas mulheres tinham direitos, mas não foi bem assim que os parentes enxergaram a situação. Vi mulheres que trabalharam a vida inteira para dar a melhor assistência aos filhos serem chamadas de “preguiçosas” porque nunca “trabalharam”.

Não quero isso pra mim. Quero a liberdade de pagar minhas contas, de decidir meu destino, de pagar pelas minhas escolhas literalmente. E isso, feliz ou infelizmente, nesse mundo capitalista de meodeos, só quem tem verbas na conta bancária- ainda que minguadinhas como as minhas.

Tudo isso pra chegar ao ponto: se me safei do dilema lá no comecinho, estou vivendo o dilema hoje, com outra roupagem, disfarçadinho. Explico: meu arranjo home office deu certo por todo esse tempo porque Enzo era um bebezico. Conforme ele foi crescendo, a coisa foi complicando em termos de tempo livre para trabalhar. Contei em vários posts perrengues pelos quais passei recentemente para conseguir entregar matérias em dia. Uma coisa era trabalhar quando Enzo tinha semanas, meses, um semestre. Nessa fase, meu minimenininho praticamente dormia o dia todo -ou quase isso. Lembro que, aos 6 ou 7 meses, ele dava três cochiladas longas durante o dia, o que, na soma geral, me garantia aí quase seis horas livres para trabalhar.

Depois disso, como é natural, esperado e mega comemorado, as sonecas diurnas diminuíram, diminuíram até a configuração atual: cerca de duas horinhas de sono (um pouco mais às vezes, mas eu tenho tentado limitar para garantir um sono bacana e de qualidade durante a madrugada), o que significa que mamãe aqui consegue fazer pouco, muito pouco durante o dia.

Daí que rola: 1) mais trabalhos na madrugada; 2) mais estresse e correria; 3) impossibilidade de assumir mais frilas (necessários para manter minhas contas em dia).

Temos queimado as pestanas aqui em busca de soluções realmente viáveis e que nos deixem satisfeitos. Algumas alternativas, antes completamente descartadas, foram recolocadas na mesa. Uma delas seria contratar uma babá que ficasse com Enzo ao menos por meio período, especialmente na parte da tarde, que é quando eu tenho mais volume de trabalho, mais chance de fazer entrevistas etc. A outra seria colocar Enzo numa escolinha pelo menos em período semi-integral, o que me renderia aí cerca de cinco horas de trabalho diárias.

A babá me agrada porque, por essa solução, Enzo continua ficando o dia inteiro comigo, em casa, sob meus olhares e cuidados, à vontade, mantendo sua rotina de sempre e ganhando colinho de mãe quando quiser. Já a escolinha tem o ponto positivo de colocá-lo em contato com outras crianças (o que ele adora e do que sei que sente muita falta) e estimulá-lo mais. Enzo é curioso, inteligente, desbravador. Ficar em casa tem sido entediante para ele (tem post no forno sobre isso, mas não tenho dado conta de escrever tudo o que rascunho) e noto que qualquer novo ambiente e desafio o deixa absurdamente feliz (vou contar a experiência dele numa escolinha que visitamos no próximo post, prova disso que escrevi agora).

Por outros lados, confesso, não gosto da ideia de ter uma babá cuidando do Enzo. Acho que ele vai ficar com todo o lado negativo de não estar comigo o dia todo sem ganhar nada em troca (como ganharia na escolinha), pois, na prática, vai passar as tardes com uma estranha mas sem o lado bom de conviver com outras crianças e aprender, ser estimulado.

Mas tudo o que li sobre as escolas, e especialmente as opiniões de especialistas que respeito muito, como a do Dr. José Martins, que responde perguntas de leitoras no blog da Paloma Varón, sugere que se espere pelo menos até a criança completar 2 anos. Há quem recomende aguardar um pouquinho mais, até os 3. Ou, ainda, caso as crianças convivam com outras crianças em casa, colocar na escola só dos 4 em diante. E eu concordo com isso, acho que faz muito sentido e, mesmo que tenha gostado do que vi nas escolas que visitamos até agora (relatos no próximo post), acho cedo demais para colocar meu filho nelas.

E aí, como faz?

Por enquanto, como medida paliativa, Dri e eu sentamos com as nossas respectivas mães e pedimos, literalmente, socorro. Elas sempre ajudaram na medida do possível, e essa ajuda sempre foi muito bem vinda. Mas estamos precisando de mais. Minha sogra acha que não é mesmo hora de Enzo ir para a escolinha, de modo que está disposta a ajudar no que precisarmos.

Minha mãe compreende que, além de tudo, ainda temos o problema da grana: não sei como é em outras cidades, estado e países, mas por aqui as escolas são caras. Mesmo. Então, também topou vir duas vezes por semana, às tardes, ficar com Enzo.

Não é o ideal nem para mim nem para elas, que têm suas próprias vidas, outros compromissos e já criaram os próprios filhos. Mas é o que temos para o momento enquanto não decido se vamos de babá, de escolinha, se esperamos mais um pouco, como nos arranjaremos nesse caso etc.

Alguma sugestão?

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pitacando no Mamatraca

Hoje estou lá no Mamatraca, pitacando sobre a regulamentação da publicidade infantil. Sou favorável à criação de uma legislação específica que regule a publicidade voltada para crianças (já contei aqui os meus motivos) e estou, portanto, acompanhando com muito interesse o desenrolar da tramitação do PL 5921, que pode ser um primeiro passo nesse sentido.

Também faço parte do coletivo de mães e pais Infância Livre de Consumismo e, como integrante desse grupo aguerrido e cheio de disposição para defender os interesses dos nossos filhos, dei o depoimento que virou este vídeo aqui no portal das queridas Anne Rammi, Priscilla Perlatti, Carol Passuello e Roberta Lippi.

Bóra lá dar uma olhada? Depois volte aqui e me diga o que achou. Publicidade para crianças deve ser melhor regulada? Ou você está satisfeita (o) com as coisas como são hoje em dia?

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eu faço tudo errado

-Insisto, peço, imploro quando Enzo não quer comer.

-Tiro o pequeno do cadeirão se ele chora e dou comida onde ele quer, ainda que seja brincando no chão.

-Levo o bebê para comer no sofá da sala, pois acho que ele prefere. E eu prefiro também.

-Dou comida para ele no meu colo.

-Ainda não o ensinei a dormir no berço; nino-o todas as vezes para adormecer.

-Dou mamadeira antes de dormir.

-Brinco de pega-pega com ele à noite, quando deveria acalmá-lo para facilitar o sono.

-Dificilmente digo um não. Às vezes, deveria.

-Tomo atitudes esquizofrênicas com ele: num dia acho que preciso ser mais dura e enérgica, noutro, que preciso ser mais compreensiva.

-Sou ignorante sobre muitas coisas do universo dos bebês.

-Nem sempre entendo o que Enzo quer.

-Quando dou bronca nele, frequentemente rio. Não resisto às mil e uma carinhas e caretinhas que ele faz.

-Digo não, mas depois deixo fazer o que estava supostamente proibido.

-Deixo ele me morder.

-Ligo a TV para ele se distrair.

-Não cumpro a rotina que eu mesma estabeleço.

-Deixo Enzo dormir até a hora que quiser, mesmo que seja depois do meio dia.

-Deixo Enzo dormir na hora que quiser, mesmo que seja depois da meia noite.

#mãedemerda mode on.

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duas imagens sobre amamentação

contei que tive dificuldades para amamentar. Falta de experiência, pouco conhecimento, um tanto de ansiedade e outro tanto de irritação no pós-parto, um pediatra pró-leite artificial e uma gineco avessa à aleitamento materno tudo junto misturado não poderia dar em outra coisa: comecei a dar LA pro Enzo pouco menos de uma semana depois que ele nasceu, o que culminou num desmame precoce aos 6 meses. Ainda hoje lamento minha ignorância, que prejudicou muito o aleitamento do meu filho. De modo que acho muito importante disseminar informações sobre isso.

Achei essas duas imagens no feicebuque hoje: uma da Nutriz e outra da Amor Maternal, respectivamente. Lá vão:

Você encontra as imagens também aqui e aqui.

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ele anda

Essa notícia eu precisava compartilhar: oficialmente, Enzo anda! Faz uns dois dias, ele estava caminhando apoiado nos móveis, como faz há uns meses, e, de repente, soltou as mãozinhas. Vacilou, estendeu os bracinhos para a frente em busca de equilíbrio, esperou o momento certo, pendeu um pouquinho para lá e para cá, firmou-se e, finalmente, deu seus passos sem apoio nenhum.

Ele já tinha feito isso uma outra vez, e outras vezes aqui e ali. Mas eram tão raras essas vezes e tão rápidas: 2, 3 passinhos apenas. Considerei mais um ensaio do que efetivamente começar a andar. Mas anteontem, não. Meu minimenininho soltou-se dos apoios de vez, com coragem, sem medos nem vacilos. Um passo depois do outro e lá se foram vários minutos andando de lá pra cá, daqui pra lá, perseguindo a gata, indo e voltando da cozinha, explorando o próprio quarto…

Caindo às vezes, é verdade. Mas levantando sozinho, engatinhando um pouquinho para descansar, levantando de novo e de novo e de novo. E andando, andando, andando. E rindo, rindo muito. Enzo achou o máximo andar sozinho. Ele caminhava um pouco e logo olhava pra mim, pra gargalhar, obviamente feliz, entre e surpreso e satisfeito pela própria conquista.

Meu bípede, agora, é um bípede ambulante, cheio de si, que só quer saber de andar sozinho. Pega a nossa mão para começar a caminhada, mas logo larga, projeta os bracinhos pra frente, ri e, feliz, segue sem nosso amparo.

Fizemos vários vídeos, orgulhosos dessa conquista do pequeno. Posto mais tarde.

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a primeira vez que nos ouviram

Terça, dia 3/7, foi um dia histórico. Ok, é meio clichê dizer isso, mas o fato é que foi mesmo. Pela primeira vez um coletivo de pais, um grupo de pais e mães que é só isso mesmo (um grupo e não uma ONG ou uma associação ou qualquer coisa com personalidade jurídica) foi ouvido em uma audiência pública na Câmara Federal.

Para além do fato de eu estar envolvida pessoalmente nisso por participar do Infância Livre de Consumismo (ILC), o coletivo de mães pró-regulamentação publicitária, comemoro essa audiência como mãe e como cidadã. Ir à Brasília é uma prova de força dos cidadãos, daqueles que se organizam e se mobilizam para defender interesses coletivos. É uma mostra inconteste também de que nossa democracia amadureceu, se consolidou, está pronta para ouvir nossas reivindicações diretamente das nossas bocas.

Representantes políticos e organizações são importantes, mas acho que é um passo à frente o cidadão ser ouvido não por que votou nesse ou naquele (muitos dos quais nem representam mesmo seu eleitorado, infelizmente) nem porque faz parte dessa ou daquela ONG. Mas porque é diretamente interessado em algo e tem algo a dizer. Ponto. Isso deve bastar para ser ouvido. E, nesse caso, bastou.

A colega blogueira Tais Vinha (Ombudsmãe) foi quem participou da audiência e falou a deputados, a representantes de instituições, de empresas, de publicitários; a gente que pensa como nós e a gente que pensa diferente. Falou como mãe, não como especialista. Defendeu a regulamentação da publicidade dirigida às crianças, principalmente porque são hipervulneráveis.

“Somos a geração dos superassediados. Da hora que acordam até o momento de dormir, as crianças são bombardeadas pela publicidade do consumo. E cada vez mais as crianças viram alvo de campanhas adultas, pois a publicidade sabe da influência da criança nas decisões de uma casa”, disse em entrevista ao jornal “Estado de Minas”.

Defendeu politicamente os argumentos que nós, mães e pais, debatemos há anos virtual e presencialmente: Taís -e os outros convidados pró-infância, pró-regulamentação, como a representante do Conselho Federal de Psicologia, Roseli Goffman e o representante da Procuradoria dos Direitos do Cidadão do MPF, Domingos Savio Dresch da Silveira- argumentaram, principalmente, que:

1) Criança é hipervulnerável, não diferencia o que é real e o que é manipulação no discurso publicitário;

2) Criança não deveria ser alvo de publicidade, pois nem comprar pode, segundo do Código de Defesa do Consumidor;

3) Regulamentar a propaganda infantil não tem nada a ver com censura, tendo em vista que se trata de um discurso comercial, que pode e deve ser regulamentado. A Constituição Federal protege a liberdade de expressão da imprensa e dos cidadãos, que não estão sendo ameaçadas pelo projeto de regulamentação da publicidade para crianças. Até nos EUA, meca do capitalismo, o discurso comercial não é protegido pela Primeira Emenda, que protege a liberdade de expressão;

4) Em relações comerciais, há sempre um lado vulnerável que deve ser protegido: o consumidor. Se as relações comercias já não são equânimes quando envolvem apenas adultos, que dirá com crianças no meio;

5) A responsabilidade da proteção à infância e da educação é dos pais, sim. Mas é também do Estado (poder público) e da sociedade, o que legitima, sem dúvidas, uma regulamentação;

6) Regulamentar a publicidade não significa que o Estado vai interferir na vida privada das famílias. Se a propaganda à criança for proibida ou limitada, as empresas poderão continuar anunciando seus produtos aos pais, que, com capacidade para isso, irão decidir se compram ao não determinado produto para os filhos.

Para quem quiser saber mais sobre a audiência e sobre o PL que regulamenta a publicidade, vá por aqui e assista / ouça à reunião (só funciona se aberto em Internet Explorer; não rola em outro navegador). Ou entre aqui e conheça mais um pouco o ILC, formado por mães como eu e você, cheias de tarefas, atividades, compromissos, mas que se uniram informalmente para defender a infância dos filhos.

Ah, Tais Vinha conta está contando, lá no MMqD, a experiência ímpar de nós, pais e mães, termos sido ouvidos pela primeira vez pela Câmara; clique nesse link aqui.

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criar com apego é minha forma de mudar o mundo

Enquanto estou ocupada com o trabalho e com um post que estou escrevendo sobre a participação do coletivo Infância Livre de Consumismo  numa audiência pública na Câmara Federal ontem (posto hoje ainda), deixo você com essas duas imagens lindas, inspiradoras e auto-explicativas, que encontrei numa página no “Livro das Faces”.

precisa dizer alguma coisa?

precisa mesmo dizer alguma coisa?

A página leva (praticamente) o nome deste post, só que em espanhol: “La crianza con apego es mi forma de cambiar el mundo“. As fotos, portanto, são daqui. São lindas ou não são? Pra encher qualquer Carlos González de orgulho! 🙂

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